domingo, 15 de fevereiro de 2015

Como começou a imagem negativa da Bruxa?

Como principia a mentira? De que modo começou a imagem negativa da Bruxa? E como se entranhou tanto em nossa cultura que é quase impossível, para algumas pessoas, ouvir a palavra Bruxa sem pensar automaticamente em Mal?

As respostas a essas perguntas têm raízes que mergulham fundo no passado, decorrentes da revolução patriarcal.(...) O patriarcado culminou na Europa no século IV, quando a Igreja e o Império Romano uniram suas forças.
A história do cristianismo é a história de perseguições. Forças cristãs assolaram, perseguiram, torturaram e mataram sistematicamente pessoas cuja espiritualidade diferia da delas — pagãos, judeus, muçulmanos. (...) Qualquer grupo ou indivíduo que as autoridades eclesiásticas estigmatizassem como herege podia ser julgado e executado.
Quando o cristianismo se propagou pelo globo, as populações indígenas que lhe resistiram ou discordaram de seus ensinamentos foram acusadas de adoradoras do demônio. Os exércitos cristãos e o clero, ofuscados por uma visão patriarcal e monoteísta do mundo, raras vezes entenderam o valor de caminhos espirituais diferentes dos deles. Não mostraram compaixão, compreensão ou tolerância pelos panteões nativos.
Quando Constantino fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano (...) a guerra contra as religiões nativas foi deflagrada a sério. O primeiro imperador cristão encarnou pessoalmente a feroz violência que seria desencadeada contra as Bruxas. Jogou viva a esposa em água fervente, assassinou seu filho e seu cunhado, e chicoteou um sobrinho até a morte. Ele concedeu aos bispos autoridade para rechaçar sentenças dos tribunais civis, e instruiu os tribunais para que fizessem cumprir todos os decretos episcopais.
No século seguinte ao de Constantino, por exemplo, Santo Agostinho argumentou que as mulheres não tinham alma.
Mais tarde, Santo Tomás de Aquino construiu uma argumentação racional para tratar as mulheres como escravas.
Os respeitados historiadores Will e Mary Durant escreveram que ''a cristandade medieval foi um retrocesso moral" para a civilização ocidental. (...) Otto Rank talvez tenha assinalado a razão primordial desse retrocesso moral quando postulou que a história da civilização era "a gradual masculinização da civilização humana.'' Sem dúvida, em seu estilo extremo e paranóico, o ethos masculino, ofuscado por seus próprios valores patriarcais, foi insuperável em sua desenfreada sujeição de metade da raça humana e em sua profanação da Terra e seus recursos.
Laurie Cabot no livro "O Poder da Bruxa"

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