sexta-feira, 19 de agosto de 2011

a mística dos peixes




Peixes - O Poder Psíquico Sexual



São inúmeras as histórias e mitos que envolvem os peixes. Sua ligação com o mar e a Magna Mater, fizeram dos peixes animais sagrados em diversas culturas e lendas sobre criaturas meio-humanas, meio-peixes, que habitam as costas, os mares e os rios, são comuns em quase todas os povos do planeta.



Na Suméria – talvez um dos registros mais antigos –, cultuava-se Ea ou OANES, deus das águas, cuja figura era a de um peixe com pernas e pés humanos. Seus mitos o apresentam como o primeiro peixe a emergir das águas, vindo para ensinar aos humanos as artes da civilização.



A versão síria de Ea o transforma em divindade feminina: Derceto, mãe de Tammuz, o herói-mor daquele povo. Sob o nome de Atargatis, essa deusa tem sido identificada com a deusa semita da fertilidade e das águas – Ishtar/Astarte. Segundo uma lenda, Atargatis descera numa lagoa sagrada de Hierápolis e, de lá, ascendera ao cosmo para gerar ICTIS, um peixe cósmico – o ancestral do signo do Zodíaco. Outras versões situam a lagoa em Endessa ou em Ascalon. Seja como for, o culto a deuses-peixes foi comum nessas cidades.



Os caldeus representavam ICTIS como um peixe com cabeça de andorinha. Ele anunciava a renovação cíclica e era diretamente enlaçado ao simbolismo de Piscis, o último signo zodiacal. O peixe-voador era SÍMBOLO DA RECUPERAÇÃO PSÍQUICA.



O deus filisteu DAGAN ou DAKAN também tem sido considerado um peixe. Diversos monumentos encontrados o representam como um homem com rabo de peixe. Sua consorte – NINA, divindade da colheita e da fertilidade – era muito referenciada em Lagash recebendo peixes como oferenda.



No Egito antigo encontramos REM, deusa do rio Nilo responsável pela fertilidade dos campos. De acordo com um mito, era essa deusa quem "regava" os campos fazendo o rio transbordar.



Em toda a Ásia, certos cultos adoravam o peixe e proibiam comer sua carne. Na Índia, os deuses BRAHMA e VISHNU podiam tomar forma de peixe.



Entre os celtas, havia peixes de natureza sagrada, com poder de prever o futuro: a aparição de trutas era bom sinal e o movimento de enguias podia mostrar o futuro casamento das moças. Em muitas comunidades pesqueiras, o comportamento dos peixes podia (e ainda pode) oferecer uma razoável previsão do tempo. Algumas espécies eram oferecidas em sacrifício a HÉCATE, deusa protetora dos bruxos



Nas Américas, as principais referências vêm dos povos peruanos, que os reverenciavam. Suas lendas afirmam que o primeiro a ser criado chamava-se CÉU e era a origem de todos os outros. Os esquimós o representam em seus tótens.



No simbolismo judeu, no fim do mundo, o Messias pescará Leviatã, o legendário peixe que carrega o peso do mundo em suas costas, e distribuirá sua carne entre os fiéis. A associação dos peixes marinhos com esse mostro cósmico gerou a proibição de se comer sua carne.



No cristianismo, o peixe foi o primeiro símbolo do CRISTO, aparecendo freqüentemente nas cravações das catacumbas romanas. Isso se deve à forma grega de se escrever seu nome – ICHTHUS –, no qual eles viam o anagrama que resumia sua fé: Iesus Christos Theou Uios Soter (Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador). E o peixe é sempre aparece na vida legendária de vários santos. Por exemplo, a história de são Kintigern, patrono de Glasgow, inclui a lenda sobre um salmão que encontrou o anel episcopal perdido pelo prelado; como reconhecimento, o povo local resolveu imortalizá-lo incorporando-o às armas da cidade. Outro exemplo é a história sobre o sino da Catedral de Saint Paul de Lion: conta-se que foi um peixe que o transportou da Inglaterra até a Ilha de Batz. O livro bíblico de Tobias (escrito no séc. II a.C.) descreve como a queima de um peixe expulsou o demônio que o impedia de fazer amor.



De modo geral, sempre houve a crença de que os peixes se situam ao lado dos anjos. Apenas em uma história inglesa, de 1616, ele é transformado em demônio doméstico a serviço de uma bruxa.



Há, ainda, inúmeras histórias ligadas aos peixes. No séc. XVI, Guilhaume Rondelet, em seu Livro dos Peixes do Mar, descreve o "macaco-marinho", da Noruega: uma criatura grotesca, de cabeça tonsurada, que atacava os barcos que se aventuravam longe da costa mas que podia ser controlado por uma dança ritual. Mais tarde, no séc. XVIII, Erik Pontoppidan, em sua História Natural da Noruega, descreve kraken: o maior e mais surpreendente animal da criação, com cerca de dois quilômetros e meio de circunferência; era tão grande que, normalmente, o confundiam com uma ilha. Quando ele ia para o fundo do mar, espantava os cardumes para a superfície, tornando-se pressas fáceis para os pescadores. Algumas lendas dizem que dois desses foram criados no começo dos tempos e viverão até o fim do mundo.



Igualmente numerosas são as práticas mágicas utilizando peixes. Na Antigüidade acreditava-se que alguns peixes tinham poder de cura, através do simples contato, por estarem carregados de poderes divinos. Na Irlanda, ainda hoje se colocam partes de peixes sob a sola dos pés para curar calosidades doloridas; se um irlandês apanha um peixe-gato em suas redes, deve prega-lo pela cabeça no topo do mastro, para ficar bem longe do navio, pois traz má sorte. Por outro lado, o peixe violino traz boa sorte e, por isso, jamais deve ser comido: quando pescado, deve ser pregado no lado de fora do barco e deixado lá até que caia em pedaços.



Até o ato de comer um peixe tem seu ritual. Os arenques, por exemplo, devem ser comidos da cauda para a cabeça; caso contrário, o cardume percebe o perigo e some para mar aberto. Na Sérvia, mulheres grávidas não podem comer peixe; na Tasmânia, apenas aqueles que têm escamas.



Entre os bantus, o tubarão teria antevisão da morte e, por isso, quando acompanha um navio é sinal de naufrágio... mas também será sua última refeição: ele morre com os marinheiros. Já a arraia adoraria música e poderia ser apanhada por quem tocasse violino para atraí-la.



No Taiti a abertura da estação de pesca é feita, ainda hoje, com cerimônias religiosas, que incluem a bênção dos barcos. No Arquipélago de Carolina, no Pacífico, as cerimônias incluem cânticos seguidos por um silêncio ritual que, se quebrado, tornará a pesca desastrosa. Os indígenas Yuchi, da América do Norte, iniciam uma pescaria com danças xamânicas que imitam o movimento dos peixes. Outras tribos costumam fazer "sermão" aos peixes, na crença de que eles preferem render-se a um amigo que a um inimigo. Em, Brixham, na Inglaterra, a "colheita do mar" é festejada com igrejas decoradas com apetrechos de pesca e oferendas.



A representação da mais extraordinária simbologia do Peixe encontra-se no Museu de Berlim: um estupendo peixe cita de ouro, apresentando, nos desenhos de suas escamas, duas expressões simbólicas: na parte alta de seu corpo, sobre a linha do horizonte fortemente marcada, acham-se seres da etapa superior – os mamíferos (um cervo, um cavalo, um javali e um leopardo); abaixo dessa linha, estão os seres da etapa inferior ou do abismo marinho – peixes e sereias. Sua cauda é representada por uma águia de asas abertas, em cujas pontas aparecem uma cabeça de carneiro. Esse "peixe cósmico" é, assim, um símbolo da marcha do mundo através do mar das realidades através de um oceano primordial (mundos já dissolvidos ou por formar-se). O peixe representaria, então O BARCO MÍSTICO DA VIDA.






Por outro lado, o alto poder de proliferação dos peixes fez com que, desde a Antigüidade, eles se transformassem num SÍMBOLO SEXUAL. A cabeça isolada é tida com símbolo do órgão sexual feminino; o animal inteiro, por sua forma, foi tomado como  o orgão sexual masculino

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